domingo, 28 de fevereiro de 2010

Violante e Luís

Ao longo dos séculos, focou-se os amores de Luís de Camões nas
Catarinas e sendo ele grande apreciador de peito de galinha até
se compreende. Só já no século XX, Aquilino Ribeiro voltou a falar
na Violante, a esposa do amo de Camões e pela qual este último
terá tido a paixão da sua vida. Aproveitando a deixa houve depois
um comentador de programas históricos que bordou à volta da
descoberta uma teorias inverosímeis e mais enfartadas que labregas
holandesas. Este poema, Num jardim adornado de verdura, é dos
mais belos que Luís terá escrito para Violante. Nota-se que aproveita
a presença de três chaperons para a sua declaração a uma mulher
casada não parecer demasiado pessoal e intimista.

Num jardim adornado de verdura,
A que esmaltam por cima várias flores,
Entrou um dia a deusa dos amores,
Com a deusa da caça e da espessura.
Diana tomou logo uma rosa pura,
Vénus um roxo lírio, dos melhores;
Mas excediam muito às outras flores
As violas, na graça e formosura.
Perguntam a Cupido, que ali estava,
Qual daquelas três flores tomaria,
Por mais suave, pura e mais formosa.
Sorrindo-se, o Menino lhe tornava:
"Todas formosas são; Mas eu queria
Viol'antes que lírio nem que rosa."
Luís De Camões

Algarve of mai drimz!

Ao fazer este desenho para já não sei qual livro, lembrei-me
do Algarve do meus 17 anos durante umas férias meio-débauche
meio-trabalho. Depois de pedir autorização ao vereador da cultura
da câmara da vila de A. fui instalar-me no centro do jardim a fazer
retratos dos turistas. Bons tempos! O facto de falar várias
línguas e de ser comunicativo levava as turistas a pensar que
levar o artista para a farra da noite era uma tradição portuguesa.
Aos 17 anos o nosso critério é diferente do critério de um homem
já adulto, salta por assim dizer em tudo o que mexe. As inglesas,
porém, mexem-se pouco. Dizem que a gelatina mexe mais que
a esposa inglesa. Ah, bons tempos de irresponsabilidade...

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Motorcycle boy reigns

O Título da mensagem estava escrito num muro que
aparecia num filme que voltei a ver ontem.
Até nem era nada de especial. Um Coppola antigo.
Entre os (ainda) jovens Matt Damon, Nicolas Cage
e a deliciosa Diane Lane, o actor que me fez rever a película
a preto e branco foi Mickey Rourke. Muito se falou dos
seus trejeitos característicos; Mas não é só isso. Acho que
é um dos actores mais talentosos que apareceram na 7ª Arte.
Durante o filme a personagem que interpreta é descrita como
alguém acima do lote :"He is royalty in exile". Uma descrição
que eu aplicaria ao próprio Mickey Rourke. Infelizmente
a certa altura da sua vida entrou num processo de
auto-destruiçao muito commun no mundo de Hollywood.
Quem souber o título do filme ganha um fim de semana com
a avó da Diane Lane num resort da Baixa da Banheira.
(Ela baba-se muito mas não é senilidade, é paixão.)

Futebol- As cores da discórdia

Certa vez em que tive de desenhar uma cena futebolística
tive a ingenuidade de pintar as camisolas que correspondiam
a dois clubes portugueses. Os desenhos voltaram para mim
para alteração. Desde aí usei sempre cores usadas no estrangeiro
ou de equipas como o "Mija-na-Escada Clube". Assim ninguém
fica aborrecido.
Acontece que as minhas duas cores preferidas nem são as do
clube com que simpatizo. Porque razão haveriam de ser?
Não vou comprar uma gravata por ser da cor de certo clube
ou usar mais esta cor na paleta por 11 cretinos a usarem quando
disputam uma bola. Aborrece-me levemente, sim, é quando
vou comprar um Push pop para o meu puto, a criança inocente
escolher uma cor que lhe agrade e a vendedora de sorriso cariado
sair-se para o menino com a mesma lenga-lenga de sempre:
És do #!#&% ? Logo, faço o sorriso mais hipócrita que
consigo e nego, explicando que não ligamos ao futebol.

Correcção: 10 cretinos. o guarda redes anda de luto.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Eça de Queirós


Retrato do Eça, ainda jovem. Ilustração extraída do livro
"Chamo-me Eça De Queirós" editado pela Didáctica.

Cena medieval


Um cena do século 13 para um livro de História.
O desenho didáctico tem destes desafios: Há certos elementos
que têm de aparecer na ilustração para condizer com a descrição
do texto. Por vezes torna-se um quebra-cabeças "arrumar"
tudo num certo ângulo e continuar a respeitar as leis da
perspectiva. Quando o trabalho fica pronto, não se percebe bem
onde houve dificuldade. Cristóvão Colon explicou isso com um ovo.
Até mesmo pintores já consagrados têm por vezes a angústia
da tela branca. Salvador Dali falava mesmo de "luta" contra a tela.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Simples vs complicado

Durante a década de 60, os cientistas americanos gastaram
perto de um milhão de dólares na pesquisa de uma caneta
que os seus astronautas pudessem usar em qualquer posição
em estado de gravidade zero. Os soviéticos resolveram a questão
sem gastar um rublo munindo os cosmonautas com lápis de grafite.
La Palisse diria que o simples é menos complicado que o complicado.
Já o Grissom da série CSI diz "se ouvires sons de galope pensa
em cavalos, não em zebras."

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

As bocas do mundo (fim)


Para recortar e vestir


"O pai e a mãe devem tudo à criança. A criança não lhes deve nada."
Jules Renard
Ilustração retirada de "Tic Tac" (Editora Gailivro)

As bocas do mundo (3)


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Millennium- Uma saga sueca em três volumes

Já havia algum tempo que um livro não me tinha agradado
tanto a ponto de pensar que infelizmente brevemente chegarei
ao fim dos três volumes. Millennium é uma trilogia. É um novo
estilo de romance moderno em que não falta tecnologia moderna
muito bem documentada misturada com uma boa definição
psicológica das personagens que evoluem num enredo complexo
mas fascinante. Tudo gira à volta do jornalista Mikael Blomkvist,
duma hacker gótica, Lisbeth Salander e duma revista mensal,
o Millennium. Adorei a Fortaleza digital do Dan Brown, gostei
bastante do Syndrome Copernic do Henri Loevenbruck, mas
o Millennium tem algo viciante que o torna um must.
Além disso, tomei conhecimento de algumas particularidades
da Suécia, país onde se passa a acção, que desmistificam e de
que maneira a ideia paradisíaca que fazemos daquela sociedade.
Uma grande obra do já falecido Stieg Larsson.
Millennium, a ler urgentemente. Cuidado, provoca dependência.

As bocas do mundo


Esta é a primeira prancha de uma BD que fiz para o livro
de português do 5º ano da Didáctica Editora. Restam
três que vou publicar se vislumbrar algum interesse nos
vossos olhos enrubescidos pelo monitor. Vai-te deitar, pá!

Ó mai lital preti uane!


sábado, 20 de fevereiro de 2010

Colon navegador português ou cardador genovês?


Ainda há pouco os americanos descobriram um documento que
prova que afinal a descoberta da Austrália pelos europeus se
deve aos portugueses. Que a pátria portuguesa tem sido despojada
ao longo dos séculos dos louros que outros países menos tímidos
não hesitaram em reclamar, não tenho eu dúvidas. A culpa até
será nossa. Portugal parece estar sempre envergonhado; Parece
ter medo de incomodar. Se um estrangeiro diz algo de agradável
sobre o nosso país, reagimos como um cachorro a quem fizeram
uma festa. Aceitamos tudo. Depois dizem que somos hospitaleiros.
Estou totalmente convencido que Cristóvão Colon foi um
navegador português. Houve talvez um Colombo italiano
mas era humilde cardador de lã e não foi de maneira nenhuma
casado com uma portuguesa de origem nobre, a Isabel Gonçalves
Zarco. Não vou aqui dissecar as provas do que já foi dito antes
de mim, até porque há gente bem mais competente para fazê-lo.
Apenas quero mencionar pessoas como Mascarenhas Barreto
que vale a pena ler e divulgar para que um dia a opinião pública
comece a interessar-se.
Quando o Manoel De Oliveira se debruçou sobre o assunto
através do filme Cristóvão Colon- O enigma foi magistralmente
ignorado com um encolher de ombros embaraçado. Ainda há
poucos meses vi um documentário no canal História em que
nem sequer se pôs a hipótese do marinheiro ter sido português.
E andamos nós a pagar tv por cabo para nos impingirem uma
lavagem de cérebro propagandista.
Ah, se Salvador Fernandes Zarco, alentejano de Cuba,
pudesse falar!

Bebo café, preciso dizer o Q.I?

Existe uma discriminação em relação às pessoas que
legitimamente vão beber o seu cafezinho e são questionados
na sua própria integridade intelectual. Ora vejam a conversa
que tive hoje de manhã ao balcão dum estabelecimento.
-Quero uma bica, pu´favor.
-É normal?
-!!!! ... sou.

Ficam já a saber: Para pedir uma italiana têm de pertencer
à Mensa.

Tenho um irmão que um dia calhou com uma empregada afiliada
ao movimento defensor dos hot-dog. Quando lhe trouxe o
pedido insultou o meu irmão da seguinte forma:
"O cachorro é o senhor?"

Bica = Cimballino, italiana = café curto

Livro de História

É frequente guardamos no fundo da memória imagens já
desvanecidas pelo tempo e que estão ligadas à nossa infância
distante. Muitos desses fragmentos pictóricos já bastante
diáfanos devido aos anos são ilustrações de livros escolares.
Imagens que ajudam a ensinar hoje, serão as lembranças de
um antigo aluno amanhã. Tenho uma profissão fabulosa...

ilustração para livro de História do 7º ano do prof. Carlos Rebelo

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Um auto à República (2)


Esta foi a primeira capa para o livro Um auto à República.
Tinha pouco impacto. Gosto da cara bolachuda da "república".

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Um auto à República

Eis a maqueta da capa para o livro de Cidália Fernandes,
Um auto à república já à venda nas livrarias. Nesta versão
para o blog optei por mostrar o trabalho antes da colocação
dos nomes, título e logotipo. Trata-se de um livro relativo
à comemoração do centenário da implantação da república.
Num próximo post publicarei a versão que foi afastada.
Óptimo para putos até aos 12 anos. Pode convir até aos 24
caso o cérebro esteja cansado por masturbação em demasia.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Aquela feia


Eu gosto muito mais daquela feia
Há nela um grande amor que não tem fim
É minha essa afeição com que me enleia
E sente um certo orgulho até por mim
Despreza os artifícios de beleza
Limita-se a ser feia e muito minha
Não pensa em jóias raras de princesa
E não se julga ao espelho, uma rainha.
As outras, as bonitas, são perigosas
Faziam-me ciúme a vida inteira
São sempre mais senhoras, mais vaidosas
E sabem que têm muito quem as queira.
Dão sempre aos seus afectos, mais valor
E até os bons caprichos valorizam
Chegando muitas vezes a supor
Que a gente há-de beijar o chão que pisam.
Se o pobre coração é um vassalo
Do belo que perturba e nos enleia
Será questão de gosto, mas deixá-lo
Eu gosto muito mais daquela feia
(Frederico De Brito; Júlio Proença)

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Egas Moniz traz a família

Duas versões da mesma cena; A primeira do livro Chamo-me
Afonso Henriques com textos de Rita Pacheco, a segunda de
Lendas da história de Portugal da autoria de Carlos Rebelo.
(Respectivamente Didáctica Editora e Plátano Editora)

Senhora procura cavalheiro ou mesmo um bandalho

"Antes de levar as pratas que me deu a minha
avó, decerto que vai tomar um chazinho ."
Sete mulheres para cada homem... (and counting). A tão eficaz
selecção natural pode vir a falhar se a fêmea da nossa espécie
ficar menos exigente. Cada vez se ouve mais nas agências
matrimoniais as solteironas desesperadas : "Reserve-me já
esse, não vá haver penúria."

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Fadinho serrano

Quando ouço falar no dia dos namorados, vem-me à memória
uma velha canção interpretada por Amália Rodrigues onde
aparecem estes versos:
Choram as casadas, cantam as solteiras
Cantam as solteiras cantigas de amores
A canção chama-se Fadinho serrano e infelizmente não
encontrei o nomes do autor para lhe devolver os louros.
Dá para nos perguntarmos porque choram as casadas.
As solteiras cantam porque o que está para vir ainda é
em parte uma incógnita ! Na rifa da lotaria do amor pode
até sair o casamento ideal, com paixão desenfreada e eterna!
Saúdo o optimismo das namoradas que cantam a sua
felicidade mesmo quando cruzam as valentes combatentes
que voltam das trincheiras do casamento com as lágrimas
nos olhos. Será de felicidade? o resto do fado da Amália não
parece sugeri-lo.
Prefiro pensar que o choro das casadas não se deve à sua
infelicidade, mas ao tempo que se foi, aos bailaricos de bairro,
aos piropos que já não mais se ouviram, à saudade da mocidade
e da inocência que não mais voltarão.
A imagem foi tirada do álbum
Camões- De vós não conhecido nem sonhado (ed. Plátano)

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Barcelos canta de galo

Barcelos- O regresso do galo zombie.
Dava um título estupendo para um filme de terror.
Quem conhece a lenda do galo de Barcelos sabe que
se trata de um galo morto e cozinhado que volta à vida.
Que coração não estremeceria perante a visão de um
galináceo depenado e assado a cantar no cimo de um
monte de estrume ás 4 da manhã de uma noite fria?


You talkin' to me?


Vitória de Setúbal


Somos a maior equipa do mundo! Do universo! E mais além!
Os nossos jogadores são os mais bonitos! O nosso verde é mais
verde! O nosso branco é mais limpo! A nossa claque tem
as portuguesas mais bonitas (por exemplo a Janaina Carioca
e a Irina Vladivostok). Comemos as outras equipas com choco
frito à moda de cá! Somos os golfinhos do Sado e lutamos de
garras afiadas! E ainda por cima temos a cidade mais bonita
do mundo onde nasceu o poeta melhor do mundo que contava as
anedotas melhores do mundo, o... (sim esse tal). Vamos ganhar,
vamos vencer e ainda por cima a vitória será nossa!
Setúbal, 12 de fevereiro

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Mercado de escravos em Lisboa


"Todos os anos vêm para Lisboa dos reinos
da Nigéria, dez a doze mil escravos além dos
que chegam da Mauritânia, da Índia e do Brasil,
cada um dos quais se vende por dez, vinte,
quarenta e cinquenta ducados de oiro"
Damião De Góis (1502-1574)

A ilustração foi tirada do álbum
"Camões- De vós não conhecido nem sonhado" (Ed. Plátano)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Afonso Henriques: a BD

Nas bancas no início das próximas calendas gregas

No explain! No complain!

No explain! No complain! ... draw!
Trabalho a acumular... desenhar, desenhar.
Depressa mas bem... senão vai tudo por água abaixo.
A corrente não pára. Damn it! Quase nem dá tempo para
pensar. Não serão aceites nem explicações, nem desculpas!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

"Ah,ah" ou "Ha,ha"?

Cada língua utiliza as onomatopeias que mais se parece
imitar os sons da natureza. Quando vim para Portugal,
trazia nas minhas filacteras os Ha! ha! com o som gutural
do "h" á frente do "a". Ainda hoje não percebo bem a eficácia
da versão lusa ah! ah! ah! Note-se que os nossos irmãos
brasileiros usam um ra!ra! estrondeante e os vizinhos
espanhóis um enérgico ja! ja! Em França, Bélgica e Reino
Unido usa-se o ha! ha! com as mãos a segurar a pança.
Será algo sociológico em vez de gramatical, que nos leva
a rir com uns ah!ah! quase a pedir perdão por estar
a pedir desculpa?

A ilustração? HA! HA!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Um rabo dos anos 90

Esta vinheta já tem mais de quinze anos e faz parte de uma
BD que nunca cheguei a acabar mas que um dia irei redesenhar
com o meu traço de hoje. Na altura eu usava aparos metálicos
para o trabalho a tinta da china e começava a experimentar
o photoshop 2.5(?). No entanto gosto bastante das cores
e o rabo rosado da gordinha pudicamente envolto na cueca
cor-de-rosa-cueca ainda dará algum frisson a quem gosta de
damas roliças com nádegas para semanas inteiras!

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Oscar Wilde- "Ser grande significa ser incompreendido"


Os contos do Oscar Wilde são uma óptima alternativa
à já tão divulgada obra dos Grimm e do Perrault.
Trazem realmente uma lufada de ar fresco ao género.
O autor morreu desgraçado e banido pela sua época
que não soube reconhecer que a amizade entre dois
homens também pode conter ternura sem necessa-
riamente ser manchada por epítetos homofóbicos.

Ilustração- O Príncipe feliz de Oscar Wilde

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Luísa Todi- Um certo sabor a chocolate

Luísa Todi foi uma cantora lírica muito célebre no seu tempo
nascida em Setúbal no século 18. Foi reconhecida no mundo
inteiro como uma das maiores vozes de todos os tempos,
isto numa área da música onde todos os países dão cartas
ao invés do Fado. Quem passear por Setúbal e não só, terá
a surpresa de ver muitos estabelecimentos, ruas, praças etc,
com o nome da artista escrito com um "y" no final. Um "i" grego.
Ora a Luísa, nascida com o nome de Aguiar, só se passou
a chamar Todi depois de ter casado com um jovem violonista
italiano chamado Francesco Todi. O alfabeto italiano
proveniente do latim nem sequer tem a letra "y"nas suas
hostes. Ora de onde vem o "Tody"? Provavelmente do
chocolate em pó Toddy, que fez furor nas tigelas de leite nos
anos 70-80. A nossa Luísa foi desta forma "inglesada", o que
não me espanta nada depois de ter ouvido locutores da RTP
pronunciarem locuções latinas com o sotaque do Texas e até
numa biografia do Fidel Castro terem pronunciado o nome do
pai do cubano , Angel, como se de um vampiro de Hollywood
se tratasse.
Uma vénia para ti, Luísa Todi, primus inter pares

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Perdigão perdeu a pena


Perdigão perdeu a pena
Não há mal que lhe não venha.

Perdigão que o pensamento
Subiu a um alto lugar,
Perde a pena do voar,
Ganha a pena do tormento.
Não tem no ar nem no vento
Asas com que se sustenha:
Não há mal que lhe não venha.

Quis voar a uma alta torre,
Mas achou-se desasado;
E, vendo-se depenado,
De puro penado morre.
Se a queixumes se socorre,
Lança no fogo mais lenha:
Não há mal que lhe não venha.

Luís Vaz de Camões

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Chewing gum


A Anita era a mais bonita.
A roupa dela era a mais catita.
Mas sobretudo, cheirava tão bem! Cheirava a pastilha elástica;
A pastilha elástica da marca Pirata. Era no tempo em que
também reinavam os caramelos Vaquinha. As pastilhas da altura
eram capazes de não ser tão boas ou tão gostosas como as de hoje.
Até que eram duras. Mas eram para elas que os tostãozinhos do
Santo António viravam as caras e as coroas. Que nostalgia!
A pastilha elástica moderna veio do Estados Unidos, tal como
o Ketchup e o Pai Natal vestido de vermelho (obrigado Coca-Cola).
Curiosamente ficaram populares na Europa a partir da primeira
guerra mundial onde os soldados americanos mastigavam a sua
chewing gum oferecida com a ração de combate para ajudar a
combater o stress, e sobretudo para impedir o guerreiro de cair
no sono quando estava abrigado nas trincheiras. Era por isso um
método "anti-sono". Não admira que os estudantes gostem de
mastigar durante as aulas.
Qual é a diferença entre um estudante a mastigar pastilha e uma
vaca a ruminar? Ainda se nota algum (ténue) interesse no olhar da vaca.