sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Partida da familia real da Ericeira


Já não era a primeira vez que a família real portuguesa era obrigada
a deixar o território nacional para o exílio no estrangeiro. Já D.João
o tinha feito antes. Mas em 1910 o feito era mais triste pela simples
razão de que o acontecimento era provocado pelo próprio povo do
monarca. Partir do seu próprio país contra a sua vontade e sem saber
se algum dia se poderá voltar é um dos castigos mais pesados para
alguém que ama a terra dos seus antepassados. É uma pena que só
deveria ser imposta a um traidor à pátria. Não acontece só à realeza.
Tomemos o exemplo da França cuja História é rica em exemplos
deste tipo. Vou lembrar dois casos bem diferentes com duas pessoas
que nada têm a ver uma com a outra: O general DeGaulle e o cantor
Michel Polnareff. Em 1968, o general DeGaulle, então presidente
da República, assustado pela revolta estudantil chamada de "68",
foge do seu país sem sequer avisar o seu primeiro ministro da época,
Georges Pompidou. O mais curioso é que a terra que escolheu para o
seu "recolher estratégico" é precisamente o qual provocou o seu exílio
uns anos antes durante a segunda guerra mundial, a Alemanha.
Irónico, não? Durante a década de 70, o cantor popular Michel Polnareff
foi banido de França por ter colocado nos muros da capital um cartaz
promocional do seu espectáculo ao vivo onde aparecia vestido de mulher
levantando a saia onde deixava ver parte do rabo perfeitamente depilado.
Hoje quando se pensa no que se faz e no que se diz de maneira impune,
até dá para rir. No seu exílio americano, escreveu uma das suas canções
mais bonitas, "Lettre à France" onde chora a saudade do seu País.