terça-feira, 17 de agosto de 2010

Não ponho naperons nem bailarinas num carro novo.

Há cerca de dois anos atrás, tive a ideia para uma BD que incluía personagens
da vida portuguesa no final do século XIX. A história acabaria com as tropas
portuguesas em direcção às Flandres (1917). As principais personalidades que
iriam servir o pretexto para contar a história dos eventos que iriam conduzir
ao nascimento da primeira República seriam alguns dos "Vencidos da vida",
Eça de Queirós, Ramalho Ortigão, Bernardo Pindelo e o próprio rei D. Carlos,
"Vencido" honorário. A outra vertente da minha ideia, era de utilizar os modelos
que serviram para José Malhoa pintar o seu célebre "Fado", a Adelaide
"da facada" e o Amâncio "Da navalha". O próprio Malhoa escreveu sobre os
desacatos dos seus modelos, tal como a cena em que Adelaide parte o espelho
com o chinelo e que se pode verificar no quadro original. Como vai ser
comemorado o centenário da República, convinha um título que tivesse
a ver: "Res Publica" que na verdade é a expressão latina que viria a
transformar-se na palavra que conhecemos hoje. A certa altura
o tempo começou a apertar e os que me conhecem ou que me lêem
sabem que eu gosto de rigor histórico. Decidi então pedir ajuda a
alguém que verificasse datas, acrescentasse alguns diálogo engraçados
aos que eu já tinha. Foi-me assim apresentada uma criatura que ficou
muito entusiasmada com a ideia e tratou illico de registar o argumento
em nome dela logo após eu lhe ter dado a conhecer o título e sem me
dar aviso do roubo intelectual. (feche a boca do espanto). Entretanto
acrescentou algumas situações e diálogos rocambolescos (alguns
inenarráveis).
O argumento e o título por conseguinte pertencem-lhe, já que eu não
mesmo tendo retirado todas as frases que ela acrescentou o que é facto
é que ela registou a base da história como sendo dela.
Mea culpa. Quem me manda a mim ser ingénuo?

Qui legitis flores et humi nascentia fraga, frigidus,
o pueri, fugite hinc, latet anguis in herba

-Virgílio-