domingo, 3 de janeiro de 2010

Fernando Pessoa, o menino da sua mãe


Fernando Pessoa é daquelas personalidades que me fascinariam
mesmo se só tivesse escrito a lista de ingredientes no papel dos
rebuçados para a tosse. Aliás, ele ainda perscrutou o mundo da
publicidade. Que visão ele teria tido numa agência publicitária
moderna! É dele o slogan para a Coca Cola "primeiro estranha-se,
depois entranha-se". Fernando viveu rodeado de mulheres
e estou a falar da sua mãe, irmã, tias e avó. Tendo sempre em casa
da família um porto de abrigo, pôde assim viver de excessos em
toda liberdade. Foi essa mesma querida liberdade que pôs a tão
afável Ofélia a nadar em seco. Mas Fernando Pessoa teria
ele sido o mesmo se não tivesse levado a vida descuidada e sem
responsabilidades que levou? Certamente que não. Mas também
não teria tido um vida tão meteórica e tão curta. Quando era
empregado de escritório Pessoa ia muitas vezes beber a bica(?) com
o seu patrão e amigo ao Martinho da Arcada ou à tasca do Abel.
Face à valsa de copos de vinho e de aguardente que passavam
a trote pela mesa, o amigo terá exclamado: "Fernando, você bebe
como uma esponja". Este último respondeu: "Não, eu bebo como
uma fábrica de esponjas com um anexo ao lado."