Na sequência do tema "Maravilhas da Natureza" vou contar um
facto anedótico que acontecia frequentemente na Inglaterra
vitoriana. As jovens inglesas solteiras, estavam destinadas
a casar relativamente cedo. Eram guardadas em redoma de vidro,
ignorando totalmente tudo do acontecimento carnal na noite de
núpcias. Maids puras e virginais viviam num sonho de príncipes
encantados assexuados e de histórias de cavaleiros andantes que
preferiam morrer a ver inadvertidamente o tornozelo casto de
uma donzela. Na dita noite de núpcias era remédio santo: A mãe
da noiva chamava aparte a ingénua ao primeiro andar e enquanto
o noivo se embebedava no rés-do-chão com o resto dos convidados
abria o livro da sexualidade onde de repente e em poucos minutos
a desgraçada da garota ficava a saber os detalhes mais sórdidos do
que lhe ia acontecer dentro de poucos minutos. As prometidas (ainda
de boneca na mão) ficavam a maior parte das vezes histéricas
e desatavam aos berros. Uma boa bofetada da mãe fazia efeito de
Xanax e esta última levava a adolescente desorientada e em lágrimas
para o quarto. Quando o noivo finalmente cedia aos incentivos de um
bando de bêbados sedentos por gritos de desfloração selvagem, subia
a cambalear pela escada, entrada em triunfador pelo boudoir adentro
e encontrava a sua prometida a roncar docemente. No chão, um
pedaço de algodão encharcado em clorofórmio. Ao lado da dama
um papelinho com uma letra trémula a dizer: "A mamã disse para
fazer comigo o que quisesse."