quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Não quero ver ninguém!

Há já alguns séculos em França, apareceu um termo que começou
por se aplicar a um pequeno salão onde as jovens damas
iam procurar um pouco de privacidade. As birras sem razão aparente,
o amuo persistente e inoportuno e até por vezes o histerismo
irracional foram sempre o apanágio (e porque não dizer o privilégio)
do designado sexo fraco aquando da delicada passagem da
adolescência à fase adulta. Se fosse pobre, mandavam a miúda ir
trata dos porcos; se fosse rica ia para o seu boudoir. A palavra vem
do verbo francês bouder (amuar). Deixavam a rapariga num
pequeno salão sozinha até lhe passar o amuo. Mais tarde o termo
passou também a designar a mobília onde a dama ficava horas a fio
a olhar para o espelho, a pôr pó de arroz no nariz avermelhado pelo
choro e a escrever as suas tristezas num diário. Por vezes
juntavam-se várias choronas amuadas e os segredos partilhados
ajudavam a superar os "infortúnios". Claro que isso incendiou
a imaginação da gente masculina que se perguntava o que diabo
fariam tantas mulheres num espaço tão pequeno a segredar
intimidades. Note-se que a tradição ainda hoje se mantém cada
vez que numa discoteca ou num bar uma delas decide ir à casa
de banho: é logo seguida pelas outras que partem em cruzada de
toilette com risinhos de esquilo já adiantando o prazer de se
encontrarem todas juntas num espaço pequeno onde há sanitas
e espelhos para completar a ilusão de uma doce intimidade
feminina.
Felizmente hoje já existe o boudoir electrónico.