terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Sexo em tempo de Vitória

Na sequência do tema "Maravilhas da Natureza" vou contar um
facto anedótico que acontecia frequentemente na Inglaterra
vitoriana. As jovens inglesas solteiras, estavam destinadas
a casar relativamente cedo. Eram guardadas em redoma de vidro,
ignorando totalmente tudo do acontecimento carnal na noite de
núpcias. Maids puras e virginais viviam num sonho de príncipes
encantados assexuados e de histórias de cavaleiros andantes que
preferiam morrer a ver inadvertidamente o tornozelo casto de
uma donzela. Na dita noite de núpcias era remédio santo: A mãe
da noiva chamava aparte a ingénua ao primeiro andar e enquanto
o noivo se embebedava no rés-do-chão com o resto dos convidados
abria o livro da sexualidade onde de repente e em poucos minutos
a desgraçada da garota ficava a saber os detalhes mais sórdidos do
que lhe ia acontecer dentro de poucos minutos. As prometidas (ainda
de boneca na mão) ficavam a maior parte das vezes histéricas
e desatavam aos berros. Uma boa bofetada da mãe fazia efeito de
Xanax e esta última levava a adolescente desorientada e em lágrimas
para o quarto. Quando o noivo finalmente cedia aos incentivos de um
bando de bêbados sedentos por gritos de desfloração selvagem, subia
a cambalear pela escada, entrada em triunfador pelo boudoir adentro
e encontrava a sua prometida a roncar docemente. No chão, um
pedaço de algodão encharcado em clorofórmio. Ao lado da dama
um papelinho com uma letra trémula a dizer: "A mamã disse para
fazer comigo o que quisesse."